quinta-feira, 19 de novembro de 2015

[POESIA] Cachoeiras de Sangue

Jorrando sangue de minhas veias,
Vejo a beleza em sua cor.
O tom em vermelho vinho, medonho.
Que de belo espanta a dor.

Preocupados com a torneira que respinga,
Pelo ato surpreso ao cair minha agulha em gel,
Seus olhares tornam-se nervosos, nauseantes.
Porém de meus lábios eu sinto o mel.

Meu olhar errante de espanto,
Ao perceber tão doce encanto.
Ele brilha, ele ama, ele mergulha na ânsia do sonho.
De em uma cachoeira sangrenta tomar um doce banho.

A enfermeira limpa para a decepção e meu desencanto;
É seu dever; o que posso fazer?
Já em minha cabeça surge uma história e tanto:
Em que um casal sedento, corta, machuca, se delicia.

Sinto-me maravilhada em minha mente,
Que a doce pulsação do coração o torna calmo e quente,
Que antes ao sangue achava tenebroso,
Volto em decadência á antiga adoração que sente,
A sede cortante aos olhares arregalados de desejo.
Com o sabor metalizado, macabro de um beijo.

O casal sedento sem vestígios de sanidade,
Da luxúria fazem loucura, ao corte no outro proporcionar.
Em rasgos leves a cicatrizes marcantes,
Aos toques e o roçar das bocas só o fazem se apaixonar

 Em sua língua dormente o sangue é sugado,
De seus carnudos lábios o sabor é deliciado,
É misturado, adorado, apaixonado.
Diante do casal gamado, ao vício do sangue amado.

Deitam-se e exaustos, com a dor gratificante.
Arde, dói, relaxa; e eles voltam a se atacar.
Suas mãos repassam acima da pele cortante,
Desse casal louco em seu tão estranho amar.

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